'Operação Luneta': material apreendido pela PF revela que golpistas planejavam prender ministros do STF
29/11/2024
O documento aponta como uma das intenções estratégicas “realizar a prisão preventiva dos juízes supremos considerados geradores de instabilidade”. Investigações da PF mostram que plano golpista previa prisão de juízes do Supremo
O material apreendido pela Polícia Federal no inquérito do golpe mostra que, entre as ações para tentar manter o ex-presidente Bolsonaro no poder, o grupo planejou prender ministros do Supremo Tribunal Federal.
A operação Luneta, segundo a Polícia Federal, foi mais um dos planos dos golpistas para manter o então presidente da República, Jair Bolsonaro, no poder.
O documento aponta como uma das intenções estratégicas era “realizar a prisão preventiva dos juízes supremos considerados geradores de instabilidade”. O que, segundo a PF, evidencia uma clara ação que só poderia ser executada em caso de uma ruptura institucional, no caso, a prisão de ministros do STF.
Em outro trecho da operação Luneta, o grupo fala em “neutralizar a capacidade de atuação do ministro Alexandre de Moraes”.
As informações estavam em um pendrive apreendido pela Polícia Federal com o tenente-coronel Hélio Ferreira Lima. Ele atuava na tropa de elite dos KIDS Pretos, em Goiânia, e, segundo as investigações, teria como uma de suas missões capturar Alexandre de Moraes. Ele está preso desde a semana passada, suspeito de participar do plano pra assassinar o presidente Lula e o vice Geraldo Alckmin.
O documento golpista também destaca a necessidade de criar uma estrutura de apoio para o estabelecimento de um gabinete central e gabinetes estaduais de crise e a preparação de robusto arcabouço jurídico para constituição de decreto que respalde as ações militares.
A investigação também descobriu uma carta que conteria o esboço de um discurso para ser lido após o golpe de Estado. Segundo a Polícia Federal, a carta de quatro páginas foi encontrada no dia 8 de fevereiro de 2024 no gabinete de Jair Bolsonaro na sede do PL, partido ao qual o ex-presidente é filiado.
'Operação Luneta': golpistas planejavam prender ministros do STF
Reprodução/TV Globo
A carta faz críticas ao Supremo Tribunal Federal e termina com a frase: "Declaro o Estado de Sítio; e, como ato contínuo, decreto Operação de Garantia da Lei e da Ordem."
De acordo com a Polícia Federal, a carta parece se tratar de ensaio para discurso preparado para eventual subversão do Estado Democrático de Direito.
O Jornal Nacional não conseguiu contato com a defesa do tenente-coronel Hélio Ferreira Lima.
A defesa de Jair Bolsonaro não respondeu. O ex-presidente disse, em entrevista ao UOL, que se vê perseguido. E que não descarta se refugiar em uma embaixada caso tenha a prisão decretada após uma eventual condenação.
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